O Coletivo Castanheira é uma organização feminista, ambientalista, não governamental, aglutinadora de jovens mulheres da cidade de Porto Velho, provendo o desenvolvimento humano integrado e sustentável, buscando a justiça social e a equidade de gênero através da articulação, difusão de informação, educação popular, e pesquisa-ação.



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Porque somos a favor do planejamento familiar?


      Assistindo a uma destas entrevistas arrancadas entre lágrimas e cobranças sobre as responsabilidades do Estado, fiquei surpresa (creio que não deveria!), diante de uma entrevista dada por uma mulher que afirmava ter 10 filhos! Uma das vítimas da tragédia e de si mesma! É inegável as responsabilidades que o Estado brasileiro tem em relação aos seus cidadãos, principalmente quando lembramos que tal entidade não possui recursos próprios, ao contrário das opiniões vigentes, refletidas através de alguns chavões populares do tipo: “-o governo é rico!”, “-o governo tem dinheiro em caixa!”, “o governo pode isso ou aquilo!” etc. São cinco os meses no ano que cada contribuinte trabalha  só para encher os cofres governamentais  através dos tributos. No entanto, o povo (nesse sentido conhecido como aqueles que sempre têm razão e nunca erram), também possui larga responsabilidade sobre os fatos decorrentes da falta de bom-senso, da ignorância e da ausência de planejamento familiar. Talvez o comentário possa parecer cruel em um momento fatídico como o vislumbrado nas cenas escabrosas no palco das calamidades. Mas a intenção não é a de promover um julgamento sumário, condenando aos que sofrem, mas indicar o caminho da prevenção para que as lágrimas não se renovem.
 

   Se o governo possui sobre os seus ombros o fardo da inoperância, esta se manifesta mais acentuadamente justamente neste ponto, ou seja, quando não trata a questão da procriação como de interesse público, como motivação política urgente e continua a prática do “cavar buraco na beira da praia!”  ou  do “ cão que corre atrás do próprio rabo” . Vejamos alguns exemplos:
A) Se em um hospital são instalados mais 100 leitos e nascem 100+x crianças, quantas ficarão  sem assistência médica de qualidade?
B) Se em uma escola são abertas mais 100 vagas e nascem 100+x crianças quantas ficarão sem estudar? (Não é só um aspecto quantitativo, mas sobretudo qualitativo!).
C) Quantas mais BOLSAS-FAMÍLIAS, PASSE-ESCOLAR, VALE-GÁS, VALE-LEITE, VALE-TRANSPORTE , NÃO-VALE-NADA etc. o Estado vai  suportar distribuir e até quando? Se tudo fosse contabilizado na base de 100, teríamos sempre o saldo negativo de 100+x crianças! Os recursos estão sempre aquém do necessário para alcançar um nível ótimo de distribuição e o princípio do BEM COMUM transforma-se em mera utopia.
   Os exemplos são infindáveis, mas concretos!  Com a  população mundial envelhecendo e a brasileira idem, quem vai pagar a conta previdenciária? Quem vai produzir para gerar tributos suficientes para uma população crescente e miserável? Particularmente não acredito em nenhum governo que não invista pesadamente em programas de planejamento familiar. Não seria exagero dedicar um ministério para cuidar desta titânica missão, considerando a importância, as consequências sociais , as dimensões pátrias e para os crédulos, as profecias bíblicas. (Se você não acredita em Jesus Cristo, creia ao menos em Nostradamus!). E o que dizer da violência? O eminente Professor e Doutor Elsimar Coutinho provou  com dados estatísticos em seu último livro que as atividades desenvolvidas pelo CEPARH, envolvendo programas educacionais de reprodução humana, com medidas práticas através de VASECTOMIAS E LAQUEADURAS,  contribuíram decisivamente para a diminuição relativa da violência na cidade de Salvador. Alguns críticos afirmam que o planejamento familiar não é resposta para todos os problemas. Considerando que isto seja verdade, admitamos a possibilidade hipotética de uma  sociedade na qual todos os casais em condição procriativa não fizessem uso de nenhum método anticonceptivo. Creio que é possível imaginar as consequências! Ainda que tal ação não seja a resposta para tudo, certamente amenizaria grandemente as mazelas sociais contemporâneas.
   Lamentavelmente, nem mesmo a própria lei contribui para este mister. Analisemos o texto extraído da LEI  nº 9.263 de 12  de janeiro de 1996:
   “ART 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: I- em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25(vinte e cinco) anos de idade ou, pelo menos, com 2(dois) filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60(sessenta) dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce.”
   A mesma lei prevê pena de reclusão de dois a oito anos e multa para o profissional que realizar cirurgia em desacordo com o citado artigo e pena de reclusão de um a dois anos para quem induzir ou instigar dolosamente a prática de esterilização cirúrgica e penas para instituições particulares que ajudarem na esterilização de alguém. Ou seja, só depois que a “casa cair” é que o interessado pode tomar uma providência definitiva para evitar que crianças inocentes rolem morro abaixo cobertas de lama e lixo. É bom lembrar que todos os métodos anticonceptivos falham! Justamente, apenas a VASECTOMIA e a LAQUEADURA  (não confunda com a LIGADURA) que não falham, sofrem restrições absurdas. Em um país onde os adolescentes estão começando os relacionamentos sexuais cada vez mais cedo e promiscuamente e , ainda, a gravidez precoce é uma triste realidade, além da miséria generalizada, a lei em análise parece estimular, em sua entrelinhas, a procriação generalizada e inconsequente;  quanto mais gente ignorante melhor! Quem se beneficia com isso? Até mesmo um cidadão solidário que estimule um pobre morador de rua a fazer uma vasectomia ou laqueadura, financiando-lhe a empreitada, pode ser incriminado! É mais fácil mudar a lei ou os homens?  
   Se você acha, porém, que esta situação não lhe diz respeito, eu devo admitir que estou surpreso com o seu grau de alienação. Mas não fique triste meu caro  insensível! Talvez com alguns exemplos práticos seja possível alcançar um degrau superior na sua evolução mental:
   A) Sabe  aquele menino chato que quer passar aquela flanela suja no vidro do seu carro toda vez que você para no semáforo? Ele vai crescer nas ruas, fumar umas pedras de craque, esquecer por alguns segundos a própria existência, fumar outras pedras de craque, esquecer o futuro, procurar por outras tantas pedras de craque e ao não encontrá-las vai ao seu encontro, não com aquela flanela suja de sempre, mas com a alma dilacerada  e uma arma cedida por um traficante, para lhe tomar à força aquilo que você tem e até o que não tem…   Quem sabe, talvez , a sua dignidade e até a sua vida!

   B) Sabe aquela pobre explorada que você tem  em  casa?  Aquela mesma  que  você faz questão que durma no emprego só para você poder arrancar dela mais algumas horas não remuneradas cuja  ignorância não   deixa perceber a tua vil manobra (infelizmente ela não leu Karl Marx e portanto, não sabe o que é mais-valia). Pois é.  Ela engravidou do seu pimpolho de 16 aninhos! O problema foi resolvido com um aborto. Parece que a palavra “responsabilidade” não existe em seu dicionário. Seu filho precisa de educação e a moça, ou melhor, ex-moça, também. Despedida, ela voltou para o morro, engravidou de novo. O filho que ela gerou da ignorância cresceu e agora com um estilete ele acabou de roubar o tênis do seu ex-pimpolho… Complexas são as teias sociais!
   C) Em um dos semáforos da cidade de Salvador existe uma mulher que se orgulha de ter cinco filhos “trabalhando” para ela e para o seu companheiro viciado em craque, amealhando alguns vinténs dos motoristas que transitam por ali. Sinceramente, neste caso em particular e em outros similares,  sou absolutamente a favor de se aplicar o CONTROLE DA NATALIDADE em substituição ao planejamento familiar. A tal mulher, ou a seu companheiro preferencialmente (já que um homem pode engravidar dezenas de mulheres em um ano e uma mulher ter, em média, uma única gestação) deveria se encaminhar, compulsoriamente, até um hospital público para que fosse realizada uma laqueadura ou uma vasectomia. ( Em uma instituição particular uma laqueadura tem um custo aproximado de R$ 5.000,00 e uma vasectomia já pode ser encontrada até por R$ 250,00).
   Antes que os impolutos defensores dos direitos humanos venham bater à minha porta  a fim de cometerem uma desumanidade contra este indefeso blogueiro, faço-lhes uma pergunta: O que é mais humano ou menos desumano? Deixar que esta mulher e este homem continuem a utilizar os próprios corpos como fábricas de  miseráveis e/ou marginais ou promover-lhes a esterilização  forçada e parar com a irresponsabilidade cruel de ambos, evitando as imagináveis e horrendas consequências sociais? E o que dizer dos alienados mentais que vivem nas ruas? Eles também procriam! É uma medida radical para uma situação social  radicalmente desesperadora. Como se os problemas fossem poucos , algumas celebridades inconsequentes aparecem na mídia com aquele “barrigão”, fazendo-se  notadas e agindo como se estivessem vivendo em um outro planeta  e tendo a certeza de que aquela nova vida não vai ser o seu futuro algoz. (Acho que nunca aconteceu isso; deve ser a minha fértil imaginação!). Estas pseudo-divas se esquecem que são formadoras de opinião, santas–adoradas–distribuidoras–de-autógrafos, que infelizmente influenciam (geralmente de forma negativa) os seus fiéis adoradores. O problema  é que a conta bancária  destes últimos não acompanha, nem de longe, a das primeiras, afora outras muitas limitações.
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   Eu poderia continuar a dar exemplos, mas prefiro deixar isto para outras postagens. Assim é melhor! Antes que você fique cansado de ler. O assunto requer muitas e urgentes elucubrações. No entanto, quero pedir a sua ajuda para conduzir esta bandeira.
   Se você julga que o PLANEJAMENTO FAMILIAR pode ajudar a resolver muitos dos problemas supracitados, então, envie e-mails para os nossos parlamentares, a fim de que a lei seja alterada e programas correlatos sejam desenvolvidos. Também mande correspondências para os amigos, colegas, parentes e simpatizantes desta causa e peça para eles fazerem o mesmo. Lembre-se: cada criança que nasce na miséria empobrece toda a sociedade. Não espere que  o “demônio” da pobreza generalizada venha a invadir a sua casa de forma armada e violenta!


                              

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